Gestores devem investir em campanhas para estimular vacinação contra Covid
Em live organizada pelo TCE-SP, médicos afirmam que orientações científicas e imunizantes são única saída para pandemia
No dia em que o país atingiu a marca de 400 mil mortes decorrentes da Covid-19, médicos alertam para a importância de campanhas contínuas de esclarecimento sobre a vacinação. Dados do Ministério da Saúde mostram que 1,5 milhão de brasileiros ainda não retornaram para a segunda dose do imunizante, quase 350 mil só no Estado de São Paulo.
“Vacinas devem ter credibilidade e a de Covid é um sucesso. Estados e Municípios têm o desafio de operacionalizar isso sem doses suficientes e em um cenário em que não acreditam na intensificação da doença”, declarou Lely Guzmán, especialista em imunizações da OMS (Organização Mundial da Saúde).
“As duas vacinas que temos no país têm necessidade da segunda dose. Claro que alguns Estados são mais organizados do que outros, mas faltam campanhas de orientação”, completou Dimas Covas, diretor do Instituto Butantan, responsável pela Coronavac e pelo desenvolvimento do primeiro imunizante totalmente nacional, a Butanvac.
Covas acrescentou que até 5 de maio serão entregues mais cinco milhões de doses da Coronavac, que enfrentou atrasos na produção por falta de insumos.
. Busca ativa
A Prefeitura de São Paulo já anunciou que, a partir dos dados cadastrais colhidos no momento da aplicação da primeira dose, vai entrar em contato com quem não retornou para a segunda.
“Deve mesmo haver uma busca ativa. É um desafio, mas é necessário”, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha. “Temos que apostar na vacinação ou vão continuar surgindo variantes que podem diminuir a eficácia dos imunizantes que já existem.”
O presidente da SBIm alerta ainda que casos em que houve mistura de doses de diferentes fabricantes devem ser monitorados. “Isso nos preocupa porque são tecnologias distintas. Não sabemos se a proteção vai ser adequada.”
Os três especialistas participaram de live organizada pelo Observatório do Futuro (OF), núcleo de monitoramento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (TCESP).
“Sem a menor dúvida, temos que nos orgulhar de nossos cientistas”, disse a presidente do TCESP, Conselheira Cristiana de Castro Moraes, na abertura do evento. “Por isso é imprescindível lembrar aos gestores que não existe outro caminho a não ser embasar o planejamento das políticas públicas no conhecimento cientifico.”
Mais de 2.500 pessoas, entre Prefeitos, Secretários Municipais de Saúde, representantes de Câmaras e de órgãos de vigilância epidemiológica e de saúde de diferentes cidades acompanharam o debate, mediado pela coordenadora do OF, Manuela Prado Leitão.
. Nova vacina
Covas também destacou que o novo imunizante desenvolvido pelo Butantan já está em produção. “Serão 18 milhões de vacinas que incluem as variantes P1 (a Amazônica) e a sul-africana. Como ela será feita na plataforma de imunizantes de gripe (já existente em vários países), haverá um barateamento de custos. Isso ajudará países pobres e de renda média.”
O produto aguarda aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão vinculado ao Governo Federal.
Os especialistas destacaram, entretanto, que nenhum imunizante tem 100% de eficácia, o que torna imprescindível o distanciamento social e o uso de máscaras.
A gravação dos debates encontra-se disponível no canal da Escola Paulista de Contas Públicas (EPCP) no Youtube ou pelo link: https://youtu.be/kqO5hntO9fI .