Pandemia pode atrasar Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em décadas
Secretário-geral da ONU, António Guterres, falou aos participantes do Fórum Político de Alto Nível, nesta terça-feira, sobre o progresso da Agenda 2030 após a pandemia do novo coronavírus.
As Nações Unidas alertaram para o risco de a Covid-19 levar a um retrocesso no cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs. As consequências da pandemia podem causar anos e até décadas de atraso por causa dos desafios fiscais e de crescimento que os países terão que enfrentar.
A declaração é do chefe da ONU, António Guterres. Ele discursou na abertura do encontro de ministros durante o Fórum Político de Alto Nível sobre os ODSs.
Renda per capita
Segundo Guterres, o mundo enfrenta “níveis inaceitavelmente altos de pobreza, uma emergência climática que piora rapidamente, desigualdade de gênero persistente e enormes lacunas no financiamento.”
O secretário-geral falou sobre o desafio global da Covid-19, a crise de saúde e a redução obrigatória da jornada de trabalho, o que equivale à perda de 400 milhões de empregos. É a maior queda na renda per capita desde 1870.
A pandemia já afetou mais de 13 milhões de pessoas e causou cerca de 570 mil mortes.
Somente até dezembro, 265 milhões de pessoas poderão enfrentar insegurança alimentar aguda, o dobro do número em risco antes da crise.
Saneamento básico
Guterres disse que seu papel “não é dizer que tudo terminará bem” porque “é preciso levar os ODSs a sério.”
Segundo ele, os Estados-membros ainda falham, de diversas formas, ao tolerar desigualdades e investir pouco em resiliência, saúde, educação, proteção social, água potável e saneamento básico.
Apesar dessas dificuldades, ele se diz “encorajado pela tremenda resposta à crise.” O chefe da ONU destacou a voz dos jovens, o ativismo da sociedade civil, o poder da inovação e a capacidade de adaptação do mundo empresarial.
Para Guterres, a crise de saúde pode ser usada para “romper com suposições e abordagens prejudiciais do passado.” Ele também pede medidas de resgate equivalente a 10% da economia global e solidariedade para com o mundo em desenvolvimento.
Ecosoc e Assembleia Geral
Além dos ministros de vários países, o Fórum conta com a presidente do Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, Mona Juul, o presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, a primeira-ministra da Finlândia, Sanna Marin, e representantes da juventude.
Mona Juul afirmou que, depois dos encontros desta semana, “é preciso reforçar, individual e coletivamente, os esforços de cooperação para construção de uma nova era de paz e prosperidade para todos.”
Segundo ela, a comunidade internacional tem o conhecimento necessário, mas precisa colocá-lo em prática.
Recuperação
Já para o presidente da Assembleia Geral, “a humanidade não pode sobreviver a múltiplas crises se não trabalhar em conjunto com total respeito por todos os povos e por toda a vida do planeta.”
Para Tijjani Muhammad-Bande, “a realidade é que a Década de Ação se tornou a Década de Recuperação.” Ele disse que os ODSs “devem liderar as estratégias governamentais para proteger as comunidades de futuros choques construindo sistemas resilientes.”
Segundo ele, a comunidade internacional deve “reconstruir melhor e aumentar sua ambição” para criar o futuro que o mundo deseja.
Em setembro do ano passado, a Assembleia Geral proclamou a Década de Ação para os ODSs. O objetivo é acelerar ações de cumprimento da Agenda 2030, que estão atrasadas em muitas partes do mundo.